"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. "
(Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O papel da fonética e da fonologia no ensino da língua

Durante nosso trabalho com o ensino da língua nos deparamos com alunos que ao escreverem um texto fazem uso de algumas palavras da forma como falamos. Escrevem "muinto" ao invés de "muito", "disconta" ao invés de "descontar", “mendingo” ao invés de “mendigo”, esses são alguns exemplos.
Para refletir sobre essa forma de registro da língua proponho lançarmos um olhar mais atento em como a criança descobre o mundo da leitura e da escrita.
A criança passa por todo um processo de construção do saber antes de se alfabetizar. Primeiramente, ela aprende que tudo que ela fala se escreve; depois precisa entender que algumas palavras apresentam formas diferentes na fala em relação à escrita. Então, ela começa a questionar: "Professor, se eu falo 'bolu', porque tenho que escrever 'bolo'?" Dizer que "nós é que falamos errado" nem de longe é a melhor resposta. É preciso fazer com que a criança compreenda que a posição da letra na palavra vai interferir no som. O som do "o" quando tônico se escreve como se pronuncia, como é o caso de "jiló", por outro lado, quando átono a letra “o” assume o som de “u” como em “globo” (globu). Esses são apenas alguns dos casos que podem ser explicados através da Fonética e da Fonologia, pois as duas ciências estudam o som. A diferença entre elas é que a Fonética tem o papel de descrever todos os sons pronunciados nas línguas e a Fonologia organiza esses sons.
No nosso encontro de hoje percebemos como os aspectos fonéticos e fonológicos podem nos ajudar na tarefa de conduzir nosso aluno ao mundo letrado, fazendo com que reflitam sobre o uso da língua e sua escrita.
Através de um trabalho de pesquisa feito por uma de nossas colegas, conhecemos algumas das propostas da professora Miriam Lemle, retiradas da obra Guia teórico do Alfabetizador.
Segundo Miriam Lemle para a criança aprender a ler ela precisa, primeiramente, saber o que é um símbolo, e para isso, basta levarmos para sala de aula como atividade de observação alguns símbolos encontrados no mundo.
Desenvolver a consciência da criança para percepção dos diferentes sons através da combinação de um grande número de letras que ela precisa conhecer é um processo que ocorrerá em todo caminho escolar através de exercícios que incluem desde criar listas de palavras que rimam até o exercício do ato de brincar de ler.
Para que a criança avance em seu processo de ensino é preciso criar exercícios desafiadores e que desenvolvam a reflexão e observação.
Quanto ao ato de corrigir nossos alunos, precisamos definir em quais aspectos nos deteremos (coerência, ortografia, estruturação do parágrafo, etc) para que não corramos o risco de corrigir demais e amedrontar quem está tentando escrever e acertar.

2 comentários:

Professora Tamar Rabelo disse...

Cara Elisete,
seu comentário ficou bom... realmente a fonética pode ser uma ótima aliada na luta contra os problemas com a ortografia... Faça algum trabalho com os seus alunos e poste aqui os resultados, mesmo que seja um trabalho simples, faça o relato da experiência.

Tamar

Fernanda Teixeira disse...

Professora Elisete,

Parabéns por seu blog. É de profissionais com essa visão que a Educação brasileira precisa.

Abraços,

Fernanda Teixeira