"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. "
(Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Variação Lingüística

A nossa língua não é usada de modo homogêneo por todos os seus falantes. O uso de uma língua sofre variações de acordo com uma época, uma região, uma classe social, etc. Além do mais, cada um de nós, dependendo da situação, pode fazer uso de diferentes formas da língua no ato de comunicar-se.

Sabemos que durante muito tempo e até certo ponto, ainda hoje, o ensino de língua portuguesa no Brasil vem sendo acompanhado por um certo preconceito linguístico. Algumas pessoas com um alto nível de escolarização, acreditam que falam "melhor" e mais "bonito" porque são capazes de dominar alguns usos complexos da escrita, ao mesmo tempo julgam aqueles que não puderam frequentar a escola ou que pouco frequentaram, dizendo que eles falam "tudo errado" ou ainda, que "falam feio".

Quantos de nós professores já não nos deparamos dizendo diante de um erro: "essa doeu em meu ouvido", "assassinaram a gramática", e outras expressões carregadas de julgamentos que ao invés de ensinar o aluno, só faz depreciá-lo. Podemos perceber a consequência de uma forma errada de corrigir relatada no texto "Nóis mudemo"de Fidêncio Bogo, lido no encontro de hoje. O garoto se sentiu tão humilhado diante da gozação da turma por sua forma de falar, que nunca mais voltou à escola. O resultado dessa evasão escolar foi a consequente exclusão social, até pela cadeia o personagem passou. A escola é o único meio capaz de retirar o cidadão dessa exclusão e para tanto é preciso romper com essa repressão diante da forma de se comunicar.

Felizmente, nos últimos anos com o surgimento da sociolinguística o papel da escola vem passando por mudanças significativas no estudo da língua. A sociolinguística reconhece que existe uma variedade linguística, ou seja, cada grupo social tem um modo de falar característico.
Acima dessas variedades há uma norma-padrão, considerada a língua correta e de prestígio social. Cabe à escola levar aos alunos o conhecimento das formas prestigiadas da língua, sem ridicularizá-los diante do uso das variedades linguísticas que fazem parte de sua identidade cultural e social. O nosso grande desafio é fazer com que nosso aluno amplie seu repertório linguístico de uma forma tranquila através da prática da leitura e escrita, sem exercícios mecânicos e descontextualizados.

Um comentário:

Rosa Branca disse...

Parabéns Elisete. Eu até tomei a liberdade de copiar seu texto sobre Variação Linguistica, para ler num grupo de estudo que fazemos aqui em Ouro Preto do Oeste - Roondônia. Sou formadora do Gestar I e II e, realmente o que fala no texto é mesmo questionador. Gostei e parabenizo por suas ideias. Abraços.