"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. "
(Shakespeare, Sonhos de Uma Noite de Verão)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Recomeçar


Todo recomeço não é nada fácil. Depois de alguns dias de recesso escolar, posso dizer que me senti como os alunos, uma certa preguiça de voltar a acordar cedo, marcar hora para chegar... E por falar em hora, hoje começou mais um encontro do nosso curso. Eu ainda pareço um pouco perdida, estive no interior de São Paulo em todo recesso e quando volto para Brasília tenho que me habituar novamente com toda essa agitação. Pois é, e justo nesse dia acabei chegando atrasada. Confesso que não estava lá muito animada, ainda sonolenta, mal acostumada com as férias. E com meu atraso acabei perdendo o início do encontro. Mal sabia eu que ao final do curso ainda receberia o diário de bordo para trazer para casa.
Felizmente através de uma conversa informal com minha amiga Erli eu consegui me sintonizar. Nosso encontro foi muito dinâmico, cheio de atividades práticas de sala de aula.
De todas as atividades, a que mais gostei foi a de escrever "substantivos", "adjetivos" e "verbos" em um papel em branco nas costas de cada colega. No ritmo da música andávamos e dançávamos e em cada parada seguíamos os comandos. Terminada esta etapa, tínhamos que escrever um texto falando sobre nós e usando as palavras da folha. Foi divertido participar e emocionante ouvir os relatos de cada uma.
Depois desse dia tão dinâmico e feliz, posso realmente dizer recomeçar é mesmo renovar, é uma forma de buscar forças para continuar. E esse foi um bom recomeço, um dia de lançarmos sorrisos, dizermos olá, porque afinal estamos de volta ao nosso grupo de professoras, de colegas de trabalho e amigas de profissão...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Discussão acerca do termo Letramento


Hoje, 10 de julho de 2008, aconteceu na escola uma avaliação pedagógica com todos os professores para encerrar o 1º semestre. Eu e minha colega Nelmara, da escola Centro de Ensino Fundamental 14 de Taguatinga, nos reunimos com o objetivo de preparar um debate reflexivo sobre o termo Letramento, abordando aspectos gerais.
Na escola houve um delicioso café da manhã e logo após a avaliação, reunimo-nos na biblioteca da escola preparadas com retroprojetor. Antes mesmo de debatermos o assunto, fizemos um esclarecimento sobre como funciona o curso do CEFORME e por quê motivo promovemos tal debate. Em seguida, propusemos uma atividade: um ditado de algumas palavras com um alto grau de dificuldade para o grupo tentar escrever.
A conclusão dessa atividade foi de que mesmo apresentando dificuldades na escrita de algumas palavras não significa que a pessoa não seja alfabetizada. Isso acontece com nossos alunos, palavras desconhecidas eles costumam errar. Fazer uso da Língua Portuguesa não é fácil.

Debate: Qual a concepção dos professores sobre Letramento antes e depois do debate?
Algumas declarações:
__ Eu acho que Letramento é quando a criança lê e entende aquilo que está lendo, ou seja, interpreta. (professora de matemática)
__ Existe uma diferença entre alfabetizado e letrado, nem todo alfabetizado é letrado, nem todo letrado é alfabetizado. (professora de Língua Portuguesa)

Depois de tais declarações fizemos algumas colocações.
O termo Letramento apareceu em 1986, mas entrou em desuso durante muito tempo. Atualmente voltou a ser usado, porém com outra conotação. Letramento é conhecer a escrita e a leitura e fazer uso desses recursos no dia-a-dia.
Questões que foram debatidas.
Vocês acham que a escola é essencial para o Letramento?
__ Acreditamos que a escola é a mediadora desse conhecimento, porque ainda, por exemplo, que a Internet e outros meios de comunicação coloquem o conhecimento à disposição de todos, cabe a escola preparar o indivíduo para questionar e ser crítico com toda informação que recebe.
__ A educação a distância veio para revolucionar o ensino, por outro lado todos percebemos o quanto a figura do professor faz falta para retirar as dúvidas que só serão esclarecidas com a presença mesmo do docente.
__ Existem relatos médicos de que pessoas procuram informações pela Internet para se automedicarem e a maioria das vezes isso tem causado transtorno às pessoas, pois acham que podem fazer isso sem o contato com o médico.
__ Todos os recursos tecnológicos devem ser aceitos pela escola para ajudar no processo de ensino-aprendizagem, sem nunca excluir o trabalho do professor.
__ A escola tem que evoluir para socorrer os alunos que utilizam a mídia e outros recursos sem nenhum posicionamento crítico.
__ Nossos alunos têm usado a linguagem de Internet também em sala de aula e isso é uma influência negativa do uso inadequado dos recursos tecnológicos, por isso, precisamos incluí-los em um certo nível de letramento para saber diferenciar o uso da linguagem de acordo com cada momento.
__ Daí a importância do nosso papel como professor-letrador.

O letramento é mesmo importante?
__ Acreditamos que sim, pois não adianta alfabetizar o aluno sem ele colocar em prática o que aprendeu.

Essa reflexão auxiliou em algum aspecto sobre o problema do rendimento?
__ Esse debate nos ajudou a expor algumas das angústias que nós professores temos quando pensamos em ensinar nossos alunos num mundo onde tudo é atraente e a escola para eles é tachada de chata.

Quais a sugestões de intervenções feitas a partir da reflexão sobre Letramento?
__ Através da variedade textual, da contextualização do ensino.
__ Não ensinar apenas para aprender aquilo que é obrigação do currículo, mas ensinar para a vida.

Quais as dificuldades encontradas para realizar esse trabalho?
__ Resistência dos professores para aprender e pôr em prática o que é novo. Falta de treinamento adequado na formação do professor.
__ Existe uma parte teórica bonita, mas a resistência para trabalhar de outra forma é grande.
__ Alguns professores nem entraram na biblioteca (local onde foram feitas as discussões) porque não estavam afins de ouvir qualquer coisa.

O estudo trouxe alguma contribuição para o grupo?__ Certamente que sim, pois discussões desse tipo sempre devem acontecer na escola.

Esse momento foi muito enriquecedor. Confesso que inicialmente estava achando isso uma grande bobagem que ninguém iria se envolver nas discussões, pois aconteceu exatamente o contrário.

terça-feira, 1 de julho de 2008

II Fórum do CEFORME (Heranças da Leitura)


Nosso encontro nessa manhã do dia 01 de julho começou com a apresentação do Projeto ÁGUA, de cunho artístico, cujo objetivo é a conscientização dos nossos alunos sobre a importância da água para o Planeta. Haverá palestra na escola, um teatro com dramatização de um texto poético e uma dança, além de um debate com alunos, professores e os artistas do projeto. A apresentação da dança e da dramatização foi emocionante, envolvendo-nos a tal ponto que nos faz realmente sentir como seria um Planeta sem água.
O segundo momento desse encontro contamos com a presença da escritora Maria Antonieta Cunha e seu filho Léo Cunha, também escritor. Maria Antonieta é uma grande especialista em leitura. Na sua apresentação falou de sua experiência como escritora, além de ser mãe e educadora. Seu gosto com a leitura começou cedo quando a mãe lia para ela ainda pequena. Depois, ao ingressar na escola teve o privilégio de ser aluna de uma professora que lia para seus alunos, sempre 10 minutos antes de acabarem as aulas. Lia sem cobranças, por prazer de ler e contagiava seus alunos, inclusive ela, Maria Antonieta. "Nada pode substituir a experiência da literatura".
Uma das experiências marcantes de sua idade escolar foi também o "caixote de livros", todo dia um aluno escolhia um livro para levar para casa, e assim sempre devolviam sem precisar fazer nenhum controle sobre os livros emprestados. Segundo Maria Antonieta, "hoje falta um trabalho mais adequado e mais amoroso com a literatura; o contato com a literatura pode fazer a diferença: para se ter uma melhor crítica, uma melhor consciência..."
Precisamos definir claramente o papel da escola no incentivo à leitura. Depois dos pais que lêem para seus filhos, o (a) professor (a) deve assumir esse papel, especialmente quando os pais não lêem para os filhos. Professores precisam ler e ensinar a gostar de ler. Essas foram algumas das palavras de Maria Antonieta.
Em seguida, foi a vez de Léo Cunha falar e contar sua experiência com a literatura, que começou quando a mãe tinha uma livraria. Esse incentivo à leitura continuou e despertou nele a vontade de ser escritor além de ser professor também. Segundo Léo Cunha, os pais devem ler até quando o bebê está ainda na barriga da mãe, foi o que fez quando sua esposa estava grávida de sua filha. Ele também lia quando ela ainda estava no berço. Hoje ela ama leitura.
Mas se nossos alunos não encontram nos pais o exemplo da leitura, cabe a nós professores os ingressarmos nesse mundo da imaginação, sonho e fantasia. Só assim poderão realmente receber as heranças da leitura que merecem e que têm direito de receber. Esse é o papel da escola, ainda que os pais não cumpram sua parte.
"A literatura como toda obra de arte é uma confissão de que a vida não basta."
Fernando Pessoa"